Uma reflexão sobre a série "Adolescência"
- Camilla Fiorito
- há 5 dias
- 3 min de leitura

Assisti a série "Adolescência" há algumas semanas.
Me trouxe um impacto grande, pois lembrei de muitas coisas que aconteceram na minha adolescência.
Mas, antes de chegar a minha vivência, trago uma reflexão de alguns anos atrás, mas precisamente entre os anos de 2005 e 2006, onde amigos da faculdade e eu conversávamos sobre o aumento de "casas dentro de outras casas".
Esse fato se resumia a crianças e adolescentes que tinham quartos com banheiro (suíte), computador, aparelhos de som, televisão e, às vezes, frigobar e a própria linha de telefone, sem uso de extensão, como muitas pessoas tinham antigamente.
Cada vez mais eles ficavam isolados, dentro de seus próprios mundos, mas as falas que muitos de nós ouvíamos eram: "Melhor em casa assim do que na rua" ou "Fulano está ótimo, sempre caseiro, em casa. Todos vêm pra cá e ficam no quarto".
Como se estar em casa fosse sinal de segurança total. Sabem lá o que faziam às portas fechadas. Adultos já foram adolescentes e esquecem que muitas coisas podem acontecer quando alguns se juntam, mas parecem "não acreditar" nesses momentos.
Hoje, em 2025, basta um smartphone com acesso a Internet sem restrição, para se alcançar o impensável: um ou vários mundos, que podem causar consequências sérias. E as falas citadas anteriormente que já não eram sinal de segurança na época, continuam não sendo nos tempos atuais.
Volto à década de 90.
Quando faço memória desses anos, muitas coisas vêm à lembrança. Eu vivi em uma cidade sem muito atrativo para a faixa etária, então, uso de bebida alcoólica, dr0g@s e gravidez eram os assuntos proibidos, mas muitos pais não sabiam como conversar com seus filhos, como vemos até hoje.
Quando eu tinha 13 anos como Jamie da série, muitas coisas aconteceram. Conheci novos adolescentes, os hormônios estavam trabalhando cada vez mais, mas algo me fez ver a vida de forma diferente e impactou nos meus anos seguintes.
Meu grande amigo se foi. Estudávamos no mesmo colégio e éramos da mesma sala. O menino mais alegre e risonho que todos nós amávamos se foi. O perdemos para o $u!c!d!0. Aquele amigo carinhoso que me girava no colo, conversava e ria comigo no pátio, estudava matemática na minha casa e me fazia achar que a vida era uma graça não estava mais ali.
Onde quero chegar com essa reflexão?
Se antes de todos os acessos digitais que nós temos atualmente não tínhamos a noção do que realmente se passava dentro da cabeça e do coração de um adolescente, imagine hoje, onde os discursos de ódio, algoritmos, falta de regulação das redes sociais e tantas outras coisas que potencializam ações impensadas fazem parte do dia a dia de muitos.
Adolescentes querem ser respeitados, vistos, escutados, ter seus sentimentos validados e se sentirem pertencentes a um grupo.
Não se pode achar que está tudo bem por estarem dentro de casa, no quarto. É preciso ter controle parental, supervisão, mas também conversa, orientação, cuidado com a saúde mental e acolhimento.
Manter um canal de comunicação aberto, repleto de escuta empática é um ponto importante para afinar e fortalecer essa relação.
A série da Netflix vem para nos lembrar que precisamos nos unir como sociedade, desenvolver um olhar para aquilo que sequer está sendo dito em palavras e muitas vezes escondido em comportamentos imprevisíveis.
E lembre-se: buscar orientação não é vergonha. É um grande passo!
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